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domingo, 23 de maio de 2010

JESUS NO GETSÊMANI


Os evangelhos nos revelam diversos momentos de sofrimento enfrentados por Jesus. Nossa vida também é recheada de dores. Jesus é um ser humano igual a nós em tudo, também quando sofre. Pensar nos males que Jesus viveu nos faz conhecê-lo melhor. Nos possibilita um acesso mais seguro ao seu coração humano. São fatos que “trazem” Jesus para mais perto da gente. Fazem-nos perceber que ele entende perfeitamente nossas dores e se une solidariamente a nós. Especial destaque merece a experiência d'Ele no Getsêmani.
Não compreendido, mensagem rejeitada, Jesus fica sozinho. O povo quer outro tipo de messianismo, quer fazê-lo um rei poderoso aos olhos humanos, sem cruz e sem sofrimento.Um messias político. Mas Jesus está radicalmente decidido em seguir em frente com seu ideal: amar até o fim, mesmo que tenha que sofrer e morrer. Muitos discípulos já não andavam mais com ele (Jo 6,66). Chega a hora da sua grande angústia e tentação. Hora em que o Pai fica em silêncio, não responde ao clamor do Filho:

“Ele saiu e, como de costume, dirigiu-se ao monte das oliveiras. Os discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar, disse-lhes: ‘Orai para não entrardes em tentação’. E afastou-se deles mais ou menos a um tiro de pedra, e, dobrando os joelhos, orava: ‘Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!’ Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. E, cheio de angústia, orava com mais insistência ainda, e o suor se lhe tornou semelhante a espessas gotas de sangue que caiam por terra. Erguendo-se após a oração, veio para junto dos seus discípulos e encontrou-os adormecidos de tristeza. E disse-lhes: ‘Porque estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação’ (Lc 22,39-46)”.

A reflexão sobre este doloroso momento na vida de Jesus tornou-se um símbolo, uma referência para os nossos sofrimentos, especialmente para as situações-limites. De fato, cada um de nós tem o seu Getsêmani, aquele terrível momento de dor, de tristeza, quando tudo parece desmoronar à nossa volta. É a hora que nossa cruz pesa demais e desabafamos: por que isso está acontecendo comigo? Por que tanto sofrimento, meu Deus? É preciso que pensar nesta "hora" de Jesus e trazê-lo assim para os nossos 'getsêmanis'. É fundamental que enxerguemo-nos Nele, porque nele estamos. Não focamos o anjo do episódio, pois o miraculoso tende a criar distância entre Jesus e nós, sobretudo quando estamos no “jardim”. Também o Jesus “Poderoso” e “Glorioso” parece não dizer quase nada à pessoa vitimada por uma dor insuportável, pelo câncer em estado terminal ou para a mãe que enterra seu filho, vítima de uma bala perdida e tantas outras situações dolorosas. Contemplando Jesus no getsêmani constatamos que ele não pode ser “blindado” face ao sofrimento como se fosse um super-homem, o que nunca foi. Como nós, ele pede para ser poupado e, Deus fica em silêncio. É, Ele é um de nós, verdadeiramente.
No evangelho de Mateus Jesus diz: “Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo” (Mt 26,38). Ninguém atende o seu pedido. Quando os amigos somem (dormem), o sofrimento é mais selvagem, é dobrado, quase desesperador. Precisamos entender que a solidariedade com quem sofre é e sempre será o grande desafio cristão, porque é a única resposta que atenua a dor.
É duro admitir que Jesus chorou, tremeu e se entristeceu, porque isso pode afetar sua dignidade. Mas é precisamente aqui que reside a dignidade humana de Jesus, porque um homem sem temor é um ser mutilado, que se despreza a si mesmo a ponto de não mais sentir angústia a seu respeito. O temor é sinal de enraizamento na vida. Um homem sem medo deve ser temido, pois é capaz de tudo. A tristeza e a angústia tocam a alma de Jesus. Diante do sofrimento seu “poder” desaparece. É o mesmo que acontece com a gente. A “noite” de Jesus é como todas as noites, de todos os seres humanos. O seu sofrimento não é anestesiado. Rogou ao Pai que o poupasse e também a presença dos amigos. Vãs tentativas. Jesus está só e, isso é que o vincula a nós todos.
Às vezes ouvimos dizer que o nosso sofrimento é incomparável ao de Jesus porque, rejeitado e humilhado, Deus para ele se tornou incompreensível. Mas Jesus não tem interesse em sofrer mais que nós. Ao contrário, sabemos que o seu sofrimento se repete no mundo, na vida dos pobres, na vida dos doentes, quando a dor e a morte destroem as certezas que, até então, se tinha sobre Deus.
Impossível traçar a distinção entre o sofrimento de Jesus e o de outras pessoas. Qualquer sofrimento extremo experimenta o abandono de Deus. Numa Unidade de Terapia Intensiva, quando se respira com ajuda de aparelhos, a pessoa olha para o teto branco e, por alguns instantes, assiste o “filme de sua vida”. Sente um medo terrível, uma tristeza imensa. Tudo se desmorona. A morte se avizinha. A sensação da ausência de Deus o toca no mais íntimo de sua pessoalidade, levando-o às lagrimas. Está só, diante de si mesmo. Está à mercê da caridade daqueles que têm a obrigação de “administrar” sua situação. O que será de mim? Chegou a minha hora? Pensa o doente. E vê que se realiza ali o seu Getsêmani. Esta “espera” estarrecedora de alguma maneira se une à “espera” de Jesus. O doente fecha os olhos e pensa em Jesus. Ele mexe seus dedos e, vê que é Jesus pegando em sua mão. Jesus está vivo, ali com seu discípulo dizendo: estou aqui meu amigo e, juntos vamos lutar pela vida e amar até fim. Bendita presença amiga que renova as forças de todos os que sofrem e a ele se confiam. Fala sério: que amizade fantástica! No fundo, as pessoas que sofrem e Jesus se entendem muito bem. Depois da “luta” na oração, elas voltam embaladas no colo do Pai. É a misteriosa experiência da presença na ausência. Estão lúcidas, não tremem mais. Sabem que o sofrimento não tem a última palavra. Jesus chega onde é impossível chegar. Faz as pessoas enxergarem além do que os olhos humanos vêem. O cálice do sofrimento transforma-se em cálice da fortaleza.
Quem sofre se identifica com Jesus e não esqueçe do que ele disse: 'Eu estarei com vocês todos os dias', 'tende confiança em mim'. 'Venham para mim quando estiverem cansados e eu vos aliviarei'. 'No mundo tereis dificuldades, mas tende confiança, eu venci o mundo'.
Que bonita demais da conta é a nossa vida......com Jesus. Tem sabor de eterno, de infinito. É vida feliz, apesar do sofrimento.


Abração caprichado procêis!
Pe. Rogério Félix

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOFRIMENTO

O sofrimento das pessoas me toca profundamente. Muitas vezes quando ouço mães e outras pessoas relatarem suas histórias tristes, naturalmente me sensibilizo e, em grande parte das vezes, apenas escuto. Acredito que a melhor resposta que dou ao sofrimento das pessoas é quando faço que elas percebam que o que dói nelas, dói também em mim. Sofrimento é um mal que tem que ser combatido, sempre. Quando não podemos evitá-lo, resta aprender com ele e com fé encará-lo de frente. Muitas vezes essas dores nos farão ver coisas que esquecemos. Prioridades esquecidas e que fazem a diferença na busca da nossa felicidade. Aprendemos que o que mais importa é o amor entre nós. Aprendemos o quanto precisamos amar as pessoas que nos amam. O nosso coração se dilata. Tornamo-nos mais sensíveis diante do amor. Nos convertemos em pessoas mais amorosas, ternas, educadas.....e românticas também. Pra você que sofre eu digo: Padre Rogério está com você. Um abraço caprichado. Coragem!!!