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terça-feira, 27 de outubro de 2020

 

VIVA A EUCARISTIA!

Era um sábado. Terminada a missa das dez com os enfermos, uma senhora veio até mim em prantos. Era uma mãe de três rapazes. Desconsolada, pedi que se sentasse. Fiquei ao lado dela. Até que conseguiu desabafar. Disse que um filho estava preso. Outro, envolvido com drogas, foragido da polícia. O terceiro, com uma doença gravíssima, agonizava no hospital. “Preciso de ajuda padre. Me dê uma palavra de conforto, por favor, disse ela”. “Vamos até a capela”, eu disse. “Jesus está olhando para a senhora. Olhe para ele também. Deixe que ele te ame agora”, pedi. Me ajoelhei. Pedi a Jesus que fizesse na vida daquela mãe o que eu não podia. Jesus pediu para que eu ouvisse dela a história dos seus três filhos. Ficamos ali mais de uma hora. Ela contou tudo. Muito sofrimento. E, para minha surpresa, a certa altura, disse que ouvia Jesus lhe dizer que salvaria os três. Antes, ela havia pedido a Jesus que pudesse ver seus filhos no céu, um dia. Percebi que Jesus havia tocado a alma daquela mãe. Ela olhou para mim. Agora o semblante era de paz e de uma santa alegria. Disse: “Padre, não estou sozinha. Ele está comigo e salvará meus filhos”. Experimentei, mais uma vez, ali diante de Jesus Eucarístico, o que viveremos no céu. Impus minhas mãos sacerdotais na cabeça daquela mãe e orei intensamente por ela. Ela parecia um anjo. Me pediu para dizer para todas as mães que se refugiem na Eucaristia, pois é ali que está a fonte de todas as graças e de todos os milagres. Acenei com a cabeça afirmativamente. Depois pediu para me abraçar e, nesse abraço, ela estaria abraçando Jesus e os seus filhos. Só abri meus braços. Pensem num abraço lindo, amoroso e carinhoso de mãe. Levei-a até a porta da Igreja e me despedi. Voltei à capela e chorei de alegria, feito uma criança. Fiquemos sempre unidos a Jesus pela Eucaristia, especialmente nos momentos de tribulações! Simples assim. Amém.

Um abraço com gosto de céu para você.

Me abençoem, queridas mães!

Pe. Rogerio Felix

Pároco da Paróquia Espírito Santo.  

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 Prestação de Contas | Paróquia Espírito Santo | 30/03 a 05/10/2020

Campanha #PESSemFome

  •  5.077 cestas básicas entregues
  • 101,5 toneladas

Fraldas Geriátricas

  • 686 pacotes (em média 7 unidades cada, 3 ou 4 pacotes por pessoa), para 195 famílias

Farmácia Comunitária

  • Atendimento de 20 pessoas por dia, em média 80 receitas, reiniciado em maio de 2020
  • 1.725 atendimentos com 5.904 receitas médicas, sendo que cada receita é dispensada uma média de quatro medicamentos diferentes

Atendimento psicológico virtual

  • 235 pessoas atendidas

Equipamentos emprestados

  • Cadeira de rodas, cadeira de banho, muletas, bengalas, andador, cama hospitalar, colchão casca de ovo, bota ortopédica imobilizadora, suporte para soro
  • 562 empréstimos

Doações

  • Roupas: 3.125 quilos
  • Cobertores: 265 unidades
  • Enxovais de bebê: 118 kits

VIVA A CARIDADE

Era um sábado. Estávamos todos em casa. Eu, minha mãe e meus cinco irmãos. Uma edícula bem simples, três cômodos, chão de vermelhão. Não era rebocada, nem por dentro nem por fora. O telhado era Eternit, lembra? O banheirinho era no minúsculo quintal de terra batida. Aluguel caro para nós.

Era perto do meio dia. Estávamos com fome. Minha mãe sabia que, no armarinho da cozinha, tinha só um pouquinho de arroz. Decidiu sair para tentar arrumar alguma coisa diferente pra gente comer. Há vários dias comíamos só arroz. Me levou com ela. Eu tinha seis anos. Chegamos à feira, hora da xepa. A mãe começou a pedir aos feirantes alimentos que, por algum problema com eles, as pessoas se recusaram a comprar.

Lembro que numa barraca de um japonês ela pediu uns alimentos que estavam numa caixa à parte, no chão, com alguns ‘problemas’. Ela disse: “o senhor pode nos doar? Crio coelhos em casa para ajudar na despesa”. Eu disse: “mas mãe, não tem coelhos lá em casa”. Me mandou ficar quieto. O japonês olhou para mim. Fiz uma cara bem triste. Ele ficou com dó e nos ajudou. Nos deu batata-doce, abobrinha e alface.

Já em casa, minha mãe deu uma ‘limpada’ nas coisas e, com o restinho de arroz que tinha, fez um delicioso almoço. Comemos bem. Todos felizes. Notei que minha mãe sorria olhando para nós. Família sorrindo e comida na mesa é tudo de bom! Hoje as mães continuam pedindo alimentos para seus filhos. Não se importam com elas. Querem apenas ver seus filhos bem.

Quando chega para nós os seus pedidos, atendemos com alegria. Alerto a todos para não deixarmos que o vírus da indiferença nos pegue. Há mais alegria em dar do que receber! É tempo de solidariedade, de partilha, de desapego. Tempo de sermos irmãos de fato. Uma família, a família do Papai do Céu. Simples assim!

Continuo agradecendo e pedindo mais ajuda. Já são 101 toneladas de alimentos doados e distribuídos. Perseveremos nesse milagre!

Meus olhos mandam um beijo pra todos.

Padre Rogerio Felix

Pároco da Paróquia Espírito Santo

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

viva a caridade.

 

Viva a Caridade!

Peguei a cesta com os alimentos, mais os produtos de limpeza e de higiene pessoal e fui até a casa da família. Vi que estava no endereço certo. Bati palmas. Era uma casa ‘fundos’. Podia avistar um corredor de chão batido e, lá no fundo, parte da casa de três cômodos. Apareceu uma senhorinha da melhor idade e eu disse bem alto “sou o padre Rogerio, da paróquia Espírito Santo, vim trazer um presente para a senhora”. Ela olhou do lado e disse baixo, mas escutei “ô bem é o padre Rogerio”. Seu João veio, abriu o portão e entrei com o presente, pesado. Coloquei em cima da mesa, na cozinha. Ela disse “não é possível que o senhor esteja na nossa casa”. E começou a chorar. Seu João a abraçou e disse “viu como Deus é bom”? Também chorei. Brinquei um pouco eles. Quebrei o gelo. Olhei o armário e a geladeira. Não tinha nada. Ele disse “não precisava trazer tanta coisa para nós, obrigado padre”. Rezamos. Abençoei os dois e a casa. Senti forte a presença de Deus. Me despedi e saí. Entrei no carro e chorei mais à vontade. Vi que a caridade que estamos fazendo é tudo que o Papai do Céu nos pede nesse momento. Pensei também “quem será que doou o feijão, o arroz, o macarrão, o pó de café... daquela cesta? ” Sei que Deus sabe quem foi...

sexta-feira, 12 de junho de 2020

sexta-feira, 3 de maio de 2013

SER PADRE

SER PADRE Um dia, numa missa, escutei Jesus me dizer: “Vem e segue-me”. Tornei-me um discípulo dele. Seu ideal me seduziu. Com ele descobri o sentido da vida. Meu coração se encheu de alegria, de amor e de esperança. Puxa, era a sensação de que eu tinha encontrado o que precisava pra ser feliz. Fui convencido que o sentido da vida estava na minha relação com Ele. Depois, numa manhã de verão, no meio de uma das nossas conversas, ele me olhou profundamente e disse: Ei, meu amigo, preciso de você pra ser padre. Escolho você pra cativar pessoas pra me seguirem. Quero continuar falando com as pessoas e agindo em suas vidas por meio da sua vida. Você topa? Você aceita? Respondi que sim. Na liberdade e com alegria, topei a parada. Na verdade percebi que os desejos e sonhos de Jesus bateram com os meus. Foi o jeito de ele tratar o Pai do céu e a vontade que tinha de fazer o bem às pessoas que me cativaram. Que coisa bonita! Então eu decidi viver desse jeito. Do jeito dele. E fiquei padre! E você me pergunta por quê? Porque me tornei padre? Bem, é... . Porque sempre quis ser feliz e ajudar as pessoas a serem também. Porque quero estar presente na vida dos doentes e pobres e ajuda-los. Porque vejo que muitas pessoas precisam de mim. Da minha presença. Da minha palavra e do meu silêncio para escutá-las. Porque as pessoas precisam da minha benção e da absolvição dos seus pecados. Elas precisam sentir a alegria que sinto. Elas precisam do meu carinho de pai, de amigo e de irmão. Quis ser padre porque o mundo precisa da Eucaristia. E se não tem padre, não tem Eucaristia. Quis ser padre porque acredito na vida que jamais se acaba pregada por Jesus. Amo, de paixão, anunciar a ressurreição de Jesus e, naturalmente, a nossa ressurreição. Quis ser padre pra dizer às pessoas que a vida com Jesus é mais feliz. Que nossa amizade com Ele é que nos faz superar tudo e perseverar sempre. Quis ser padre para ficar disponível o tempo todo para Deus e para as pessoas. Renunciei ter uma família para estar a serviço de todas as famílias, do mundo inteiro. Quis ser padre porque faltam padres no mundo Quis ser padre para pregar a Palavra de Deus. É dessa Palavra que as pessoas precisam. Palavra que anima, que cura e ilumina suas vidas. Quis ser padre porque assim posso ajudar mais as pessoas que sofrem e dizer a elas que a dor, o sofrimento e a morte não tem a última palavra. Sabe, sou um homem, que ficou cristão e se tornou um padre. Não sou anjo. Não sou de outro planeta. Sou apenas um ser humano que, como você, ama a vida. Que um dia foi criança, adolescente e jovem. Que foi estudante. Que ficou adulto e tomou uma decisão séria na vida. Que curte os amigos. Que gosta de músicas de vários estilos. Vidrado em cinema e teatro. Que gosta de futebol. Do mar. Que ama arrancar um sorriso das pessoas. Que tem sonhos e deseja ajudar a tornar este mundo mais justo e mais fraterno. Como você, eu também cometo erros. Peço perdão, me levanto e vou em frente. Como você, ficarei velho e morrerei. Olhando nos seus olhos eu digo de todo o coração: Esforço-me, o tempo todo, para que as pessoas vejam Jesus em mim. Elas têm esse direito. Aliás, padre e Jesus são e têm que ser uma realidade só. O Padre é o amor do Coração de Jesus. É o presente que o Pai do céu deu ao mundo Prazer! Eu sou um padre. Um homem feliz. Realizado. Um homem que vive para os outros. Um fabricante de esperança e de paz. Se eu nascesse mais cem vezes, cem vezes ficaria padre. E você? Quer ser padre? Deus te abençoe! Padre Rogerio Felix Machado

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ALMA MISSIONÁRIA

Estou em Brasília. Participo da Semana Nacional da Missão Continental. Aqui contamos com a presença de vários bispos, religiosos e religiosas, padres e leigos. Nunca em minha vida ouvi falar tanto em Missão. Na verdade descubro que uma alma missionária é remédio pra todo e qualquer tédio pastoral. Testemunhar com a vida e a palavra a alegria de ter encontrado alguem que deu sentido à minha vida é tudo de bom. Diante de tantos desafios diante do mandato missionário que Jesus nos deu: ide e fazei meus discipulos todos os povos, me convenço que não posso ter medo de nada. A alegria que ele me dá, o caminho que ele é, a esperança que ele faz pulsar forte no meu coração e a "mágica" de vê-lo nas pessoas e, especialmente nas que precisam mais de mim é o que me dá força pra seguir em frente: "ide, Rogério, e fazei que as pessoas se encontrem comigo!!!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Estou aqui

Tenho procurado ir até às pessoas que enfrentam algum tipo de sofrimento. Hoje ouvi: "Padre não aguento mais". Fiquei imóvel por um segundo. Olhei no fundo dos seus olhos e, sem argumentos para explicar a tragédia que enfrentava, apenas disse: "Estou aqui com você". Emocionado, consegui fazer com que ela percebesse que estava doendo um pouco em mim a dor que era dela. Lhe dei um abraço demorado e um beijo afetuoso. Ela sorriu. Segurou minha mão e disse. Que bom que o senhor veio. Que bom que está aqui. Entrei no meu carro e, chorei. Pensei e questionei como todos os mortais: "meu Deus, por que tanto sofrimento?". Mais uma vez aprendi que a presença física, o abraço e a escuta minimizam a dor das pessoas. Rezo: "Jesus me ajude a ser solidário com as pessoas que sofrem. É desse jeito que desejo viver minha fé". Deus te abençoe.