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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ALMA MISSIONÁRIA

Estou em Brasília. Participo da Semana Nacional da Missão Continental. Aqui contamos com a presença de vários bispos, religiosos e religiosas, padres e leigos. Nunca em minha vida ouvi falar tanto em Missão. Na verdade descubro que uma alma missionária é remédio pra todo e qualquer tédio pastoral. Testemunhar com a vida e a palavra a alegria de ter encontrado alguem que deu sentido à minha vida é tudo de bom. Diante de tantos desafios diante do mandato missionário que Jesus nos deu: ide e fazei meus discipulos todos os povos, me convenço que não posso ter medo de nada. A alegria que ele me dá, o caminho que ele é, a esperança que ele faz pulsar forte no meu coração e a "mágica" de vê-lo nas pessoas e, especialmente nas que precisam mais de mim é o que me dá força pra seguir em frente: "ide, Rogério, e fazei que as pessoas se encontrem comigo!!!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Estou aqui

Tenho procurado ir até às pessoas que enfrentam algum tipo de sofrimento. Hoje ouvi: "Padre não aguento mais". Fiquei imóvel por um segundo. Olhei no fundo dos seus olhos e, sem argumentos para explicar a tragédia que enfrentava, apenas disse: "Estou aqui com você". Emocionado, consegui fazer com que ela percebesse que estava doendo um pouco em mim a dor que era dela. Lhe dei um abraço demorado e um beijo afetuoso. Ela sorriu. Segurou minha mão e disse. Que bom que o senhor veio. Que bom que está aqui. Entrei no meu carro e, chorei. Pensei e questionei como todos os mortais: "meu Deus, por que tanto sofrimento?". Mais uma vez aprendi que a presença física, o abraço e a escuta minimizam a dor das pessoas. Rezo: "Jesus me ajude a ser solidário com as pessoas que sofrem. É desse jeito que desejo viver minha fé". Deus te abençoe.

terça-feira, 1 de junho de 2010

SOLIDARIEDADE

Ontem me aproximei de uma pessoa que, ha uma semana enterrou alguém que amava demais. Diante dela percebia um olhar diferente que exalava uma espécie de conformidade com o acorrido e também de alívio. Parecia que queria me dizer: ainda bem que ele está vivo. Só não está mais comigo. Um dia nos reencontraremos. Imaginei estas palavras. Ela simplesmente me disse: "Padre não se canse jamais de Falar de Jesus. É dele que as pessoas precisam. É ele, e só ele, que mostra que o amor é mais forte que a morte". Olhei pra ele com muito carinho, de filho pra mãe. Beijei sua face. Depois de um forte e longo abraço e, entre lágrimas de emoção, ela susurrou no meu ouvido: "Obrigado por estar aqui". É... é a presença, o carinho e o olhar é que respondem ao sofrimento. Coragem meu amigo, padre rogério está com você!

domingo, 23 de maio de 2010

JESUS NO GETSÊMANI


Os evangelhos nos revelam diversos momentos de sofrimento enfrentados por Jesus. Nossa vida também é recheada de dores. Jesus é um ser humano igual a nós em tudo, também quando sofre. Pensar nos males que Jesus viveu nos faz conhecê-lo melhor. Nos possibilita um acesso mais seguro ao seu coração humano. São fatos que “trazem” Jesus para mais perto da gente. Fazem-nos perceber que ele entende perfeitamente nossas dores e se une solidariamente a nós. Especial destaque merece a experiência d'Ele no Getsêmani.
Não compreendido, mensagem rejeitada, Jesus fica sozinho. O povo quer outro tipo de messianismo, quer fazê-lo um rei poderoso aos olhos humanos, sem cruz e sem sofrimento.Um messias político. Mas Jesus está radicalmente decidido em seguir em frente com seu ideal: amar até o fim, mesmo que tenha que sofrer e morrer. Muitos discípulos já não andavam mais com ele (Jo 6,66). Chega a hora da sua grande angústia e tentação. Hora em que o Pai fica em silêncio, não responde ao clamor do Filho:

“Ele saiu e, como de costume, dirigiu-se ao monte das oliveiras. Os discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar, disse-lhes: ‘Orai para não entrardes em tentação’. E afastou-se deles mais ou menos a um tiro de pedra, e, dobrando os joelhos, orava: ‘Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!’ Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. E, cheio de angústia, orava com mais insistência ainda, e o suor se lhe tornou semelhante a espessas gotas de sangue que caiam por terra. Erguendo-se após a oração, veio para junto dos seus discípulos e encontrou-os adormecidos de tristeza. E disse-lhes: ‘Porque estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação’ (Lc 22,39-46)”.

A reflexão sobre este doloroso momento na vida de Jesus tornou-se um símbolo, uma referência para os nossos sofrimentos, especialmente para as situações-limites. De fato, cada um de nós tem o seu Getsêmani, aquele terrível momento de dor, de tristeza, quando tudo parece desmoronar à nossa volta. É a hora que nossa cruz pesa demais e desabafamos: por que isso está acontecendo comigo? Por que tanto sofrimento, meu Deus? É preciso que pensar nesta "hora" de Jesus e trazê-lo assim para os nossos 'getsêmanis'. É fundamental que enxerguemo-nos Nele, porque nele estamos. Não focamos o anjo do episódio, pois o miraculoso tende a criar distância entre Jesus e nós, sobretudo quando estamos no “jardim”. Também o Jesus “Poderoso” e “Glorioso” parece não dizer quase nada à pessoa vitimada por uma dor insuportável, pelo câncer em estado terminal ou para a mãe que enterra seu filho, vítima de uma bala perdida e tantas outras situações dolorosas. Contemplando Jesus no getsêmani constatamos que ele não pode ser “blindado” face ao sofrimento como se fosse um super-homem, o que nunca foi. Como nós, ele pede para ser poupado e, Deus fica em silêncio. É, Ele é um de nós, verdadeiramente.
No evangelho de Mateus Jesus diz: “Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo” (Mt 26,38). Ninguém atende o seu pedido. Quando os amigos somem (dormem), o sofrimento é mais selvagem, é dobrado, quase desesperador. Precisamos entender que a solidariedade com quem sofre é e sempre será o grande desafio cristão, porque é a única resposta que atenua a dor.
É duro admitir que Jesus chorou, tremeu e se entristeceu, porque isso pode afetar sua dignidade. Mas é precisamente aqui que reside a dignidade humana de Jesus, porque um homem sem temor é um ser mutilado, que se despreza a si mesmo a ponto de não mais sentir angústia a seu respeito. O temor é sinal de enraizamento na vida. Um homem sem medo deve ser temido, pois é capaz de tudo. A tristeza e a angústia tocam a alma de Jesus. Diante do sofrimento seu “poder” desaparece. É o mesmo que acontece com a gente. A “noite” de Jesus é como todas as noites, de todos os seres humanos. O seu sofrimento não é anestesiado. Rogou ao Pai que o poupasse e também a presença dos amigos. Vãs tentativas. Jesus está só e, isso é que o vincula a nós todos.
Às vezes ouvimos dizer que o nosso sofrimento é incomparável ao de Jesus porque, rejeitado e humilhado, Deus para ele se tornou incompreensível. Mas Jesus não tem interesse em sofrer mais que nós. Ao contrário, sabemos que o seu sofrimento se repete no mundo, na vida dos pobres, na vida dos doentes, quando a dor e a morte destroem as certezas que, até então, se tinha sobre Deus.
Impossível traçar a distinção entre o sofrimento de Jesus e o de outras pessoas. Qualquer sofrimento extremo experimenta o abandono de Deus. Numa Unidade de Terapia Intensiva, quando se respira com ajuda de aparelhos, a pessoa olha para o teto branco e, por alguns instantes, assiste o “filme de sua vida”. Sente um medo terrível, uma tristeza imensa. Tudo se desmorona. A morte se avizinha. A sensação da ausência de Deus o toca no mais íntimo de sua pessoalidade, levando-o às lagrimas. Está só, diante de si mesmo. Está à mercê da caridade daqueles que têm a obrigação de “administrar” sua situação. O que será de mim? Chegou a minha hora? Pensa o doente. E vê que se realiza ali o seu Getsêmani. Esta “espera” estarrecedora de alguma maneira se une à “espera” de Jesus. O doente fecha os olhos e pensa em Jesus. Ele mexe seus dedos e, vê que é Jesus pegando em sua mão. Jesus está vivo, ali com seu discípulo dizendo: estou aqui meu amigo e, juntos vamos lutar pela vida e amar até fim. Bendita presença amiga que renova as forças de todos os que sofrem e a ele se confiam. Fala sério: que amizade fantástica! No fundo, as pessoas que sofrem e Jesus se entendem muito bem. Depois da “luta” na oração, elas voltam embaladas no colo do Pai. É a misteriosa experiência da presença na ausência. Estão lúcidas, não tremem mais. Sabem que o sofrimento não tem a última palavra. Jesus chega onde é impossível chegar. Faz as pessoas enxergarem além do que os olhos humanos vêem. O cálice do sofrimento transforma-se em cálice da fortaleza.
Quem sofre se identifica com Jesus e não esqueçe do que ele disse: 'Eu estarei com vocês todos os dias', 'tende confiança em mim'. 'Venham para mim quando estiverem cansados e eu vos aliviarei'. 'No mundo tereis dificuldades, mas tende confiança, eu venci o mundo'.
Que bonita demais da conta é a nossa vida......com Jesus. Tem sabor de eterno, de infinito. É vida feliz, apesar do sofrimento.


Abração caprichado procêis!
Pe. Rogério Félix

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOFRIMENTO

O sofrimento das pessoas me toca profundamente. Muitas vezes quando ouço mães e outras pessoas relatarem suas histórias tristes, naturalmente me sensibilizo e, em grande parte das vezes, apenas escuto. Acredito que a melhor resposta que dou ao sofrimento das pessoas é quando faço que elas percebam que o que dói nelas, dói também em mim. Sofrimento é um mal que tem que ser combatido, sempre. Quando não podemos evitá-lo, resta aprender com ele e com fé encará-lo de frente. Muitas vezes essas dores nos farão ver coisas que esquecemos. Prioridades esquecidas e que fazem a diferença na busca da nossa felicidade. Aprendemos que o que mais importa é o amor entre nós. Aprendemos o quanto precisamos amar as pessoas que nos amam. O nosso coração se dilata. Tornamo-nos mais sensíveis diante do amor. Nos convertemos em pessoas mais amorosas, ternas, educadas.....e românticas também. Pra você que sofre eu digo: Padre Rogério está com você. Um abraço caprichado. Coragem!!!